terça-feira, 16 de março de 2010

O direito de aprender de todos ( A atenção às pessoas com necessidades educacionais especiais)














A incansável tarefa de Anne Sullivan uma professora, ao tentar fazer com que Helen Keller (Patty Duke), uma garota cega, surda e muda, se adapte e entenda (pelo menos em parte) as coisas que a cercam. Para isto entra em confronto com os pais da menina, que sempre sentiram pena da filha e a mimaram, sem nunca terem lhe ensinado algo nem lhe tratado como qualquer criança.


Se há poucos anos alguém viesse falar sobre educação inclusiva, decerto teríamos uma idéia muito vaga do que isso poderia significar na teoria e na prática. Já foram publicados livros que discutem as diferentes teorias que servem como base de uma educação inclusiva, como manuais para professores e até documentos técnicos produzidos por órgãos governamentais. Contudo, é bem verdade, que isso não significa que todos tenham clareza do que implica a proposta de educação inclusiva, ou inclusão no mercado de trabalho. A atenção educacional as pessoas com necessidades especiais associadas ou não a deficiência tem se modificado ao longo de processos históricos de transformação social, tendo caracterizado diferentes paradigmas nas relações das sociedades com esse segmento populacional. A deficiência foi, inicialmente, considerada um fenômeno metafísico, determinada pela possessão demoníaca, ou pela escolha divina da pessoa para purgação dos pecados dos seus semelhantes. Séculos da Inquisição Católica e posteriormente, de rigidez moral e ética, da Reforma Protestante, contribuíram para que as pessoas com deficiência fossem tratadas como a personificação do mal e, portanto, passíveis de castigos, torturas e mesmo de morte. À medida que conhecimentos na área da medicina foram sendo construídos, e acumulados, na história da humanidade, a deficiência passou a ser vista como doença, de natureza incurável, gradação de menor amplitude da doença mental. Tais idéias determinaram a caracterização das primeiras práticas sociais formais de atenção à pessoa com deficiência, quais sejam , as de segregá-las em instituições fosse para cuidado e proteção, fosse para tratamento médico. A esse conjunto de idéias e de práticas sociais denominou-se paradigma da Institucionalização, o qual vigorou, aproximadamente por oito séculos. No Brasil, as primeiras informações sobre a atenção às pessoas com deficiência remontam à época do Império. Seguindo o ideário e o modelo ainda vigente na Europa, de institucionalização, foram criadas as primeiras instituições totais, para a educação de pessoas cegas e de pessoas surdas. O Paradigma da Institucionalização ainda permaneceu como modelo de atenção às pessoas com deficiência até meados da década de 50, no século XX, momento de grande importância histórica, no que se refere a movimentos sociais, no mundo ocidental. Fortemente afetados pelas conseqüências das Grandes Guerras Mundiais, os países participantes da Organização das Nações Unidas, em assembléia geral, em 1948, elaboraram a Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento que desde então tem norteado os movimentos de definição de políticas públicas, na maioria desses países. O intenso movimento mundial de defesa dos direitos das minorias, que caracterizou a década de 60, associado a críticas contundentes ao Paradigma da Institucionalização de pessoas com doença mental e de pessoas com deficiência, determinou novos rumos às relações das sociedades com esses segmentos populacionais. Começaram a ser implantados os serviços de Reabilitação Profissional, especialmente, embora não exclusivamente, voltados para pessoas com deficiência, visando prepará-las para a integração, ou a reintegração na vida da comunidade. Nos anos 60 e 70, grande parte dos países, tendo como horizonte a Declaração Universal dos Direitos Humanos, passou a buscar um novo modelo, no trato da deficiência. A proposição do princípio da normalização contribuiu com a idéia de que as pessoas diferentes podiam ser normalizadas, ou seja, capacitadas para a vida no espaço comum da sociedade. Este modelo caracterizou-se, gradativamente, pela desinstitucionalização dessas pessoas e pela oferta de serviços de avaliação e de reabilitação globalizada, em instituições não residenciais, embora ainda segregadoras. Da segregação total, passou-se a buscar a integração das pessoas com deficiência, após capacitadas, habilitadas ou reabilitadas. A esta concepção-modelo denominou-se Paradigma de Serviços. Da década de 80 em diante, o mundo volta a experimentar novas transformações. Avanços na Medicina, o desenvolvimento de novos conhecimentos na área da Educação e principalmente a criação da via eletrônica como meio de comunicação em tempo real, com qualquer parte do mundo, vieram determinar novas transformações sociais. Por um lado, maior sofisticação técnico-científica permitia a manutenção da vida e o maior desenvolvimento de pessoas que, em épocas anteriores, não podiam sobreviver. Por outro lado, a quebra da barreira geográfica, na comunicação e no intercâmbio de idéias e de transações, plantava as sementes da “aldeia global”, que rapidamente foram germinados e definindo novos rumos nas relações entre países e sociedades diferentes. Nesse contexto, mais do que nunca se evidenciou a diversidade como característica constituinte das diferentes sociedades e da população, em uma mesma sociedade. Na década de 90, ainda à luz da defesa dos direitos humanos, pôde-se constatar que a diversidade enriquece e humaniza a sociedade, quando reconhecida, respeitada e atendida em suas peculiaridades. Começou, então, a ser delineada a idéia da necessidade de construção de espaços sociais inclusivos, ou seja, espaços sociais organizados para atender ao conjunto de característica e necessidades de todos os cidadãos, inclusive daqueles que apresentam necessidades educacionais especiais. Estavam aí postas as bases de um novo modelo, denominado Paradigma de Suportes. Este Paradigma associou a idéia da diversidade como fator de enriquecimento social e o respeito as necessidade de todos os cidadãos como pilar central de uma nova prática social: a construção de espaços inclusivos em todas as instâncias da vida na sociedade, de forma a garantir o acesso imediato e favorecer a participação de todos nos equipamentos e espaços sociais, independente das suas necessidades educacionais especiais, do tipo de deficiência e do grau de comprometimento que estas apresentem. O Brasil tem definido políticas públicas e criado instrumentos legais que garantem tais direitos. A transformação dos sistemas educacionais tem se efetivado para garantir o acesso universal à escolaridade básica e a satisfação das necessidades de aprendizagem para todos os cidadãos.

Os teóricos Piaget, Vygotsk e Wallon foram a base fundamental para o desenvolvimento dessa pesquisa pois a inclusão de pessoas com necessidades especiais vai além da própria socialização. Piaget diz que a criança precisa assimilar para depois acomodar as informações para transformá-la em conhecimento. Vygotsk fala da interação, que na troca de informações ocorre á aprendizagem efetiva. Wallon diz que afetividade ajuda na aprendizagem. Todos são fatores importantes para uma inclusão de sucesso na escola e sociedade. A idéia de uma sociedade inclusiva se fundamenta numa filosofia que reconhece e valoriza a diversidade, como característica inerente à constituição de qualquer sociedade. Partindo desse princípio e tendo como horizonte o cenário ético dos Direitos Humanos, sinaliza a necessidade de se garantir o acesso e a participação de todos, a todas as oportunidades, independentemente das peculiaridades de cada indivíduo ou grupo social.



Criar filhos com necessidades especiais


O desafio começa quando os pais descobrem que seu filho tem uma deficiência. Apesar dos desafios de criar filhos com necessidades especiais, é possível encarar a situação de modo positivo. Como? Primeiro, os pais podem ficar mais tranqüilos por saber que, na maior parte dos casos, a criança não esta sofrendo. Embora consigam realizar menos coisas e vivam num mundo diferente do que as crianças “normais”, elas em geral sentem-se mais felizes em sua “cabana” do que as crianças “normais” em seu “castelo”. Os pais precisam ter orgulho quando seus filhos conseguem realizar algo com muito esforço. Tanto para os pais como para os filhos, cada tarefa aprendida é como chegar ao topo de uma montanha e ser recompensado com uma bela vista. Os pais precisam incentivar os filhos a serem mais independentes, porque eles não permanecem crianças para sempre, lembrando de não exigir demais de seus filhos, porque cada criança tem um potencial. É necessário ter muita paciência e perseverança. Talvez ocorra períodos de desespero, cansaço e as vezes vontade de chorar e até sinta pena de si mesmo.
O que fazer?
Aprendam tudo o que puderem sobre a deficiência de seu filho.
 Tentem manter uma atitude positiva.
 Ajude seu filho a alcançar o maior grau de independência possível.
 É sempre imponha limites.
Por que a família é o primeiro espaço social da criança, no qual ela constrói referências e valores.



A escola inclusiva é o espaço de construção da cidadania

Falar de inclusão escolar de alunos com necessidades especiais na rede regular de ensino é comum e mais freqüente do que parece. Grande parte dos gestores educadores e demais profissionais da escola reconhecem o direito desses alunos. A escola é um dos principais espaços de convivência social do ser humano, durante as primeiras fases de seu desenvolvimento. Ela tem papel primordial no desenvolvimento da consciência de cidadania e de direitos, já que é na escola que a criança e o adolescente começam a conviver num coletivo diversificado, fora do contexto familiar. Respeitar as diferenças é disponibilizar os recursos necessários para que as crianças aprendam são fundamentais, os indivíduos com necessidades educacionais especiais são capazes de construir o seu próprio conhecimento e desenvolver inteligência, a partir de sua interação com o mundo dos objetos e das pessoas. Para alcançar os objetivos com os alunos com necessidade especiais, o gestor junto com os educadores precisam se organizar para constituir um projeto de inclusão na escola. O projeto pedagógico da escola, e o ponto de referência para definir a prática escolar, que deve orientar a operacionalização do currículo, como um recurso para promover o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos, considerando os seguintes aspectos:


 A atitude favorável da escola para a diversidade, adequação do processo de ensino- aprendizagem de modo a atender as diversidades dos alunos;
 A adoção de um currículo significativo onde as propostas sejam diversificadas, em lugar de uma “concepção uniforme e homogênea do currículo”;
 E a flexibilidade quanto á organização e ao funcionamento da escola para atender a demanda do aluno.


O educador


Os educadores não conhecem, de antemão os alunos que vão constituir sua classe em um determinado ano letivo. Portanto, para prestar um bom atendimento, eles também não precisam conhecer os alunos com deficiências previamente. O educador deve aproveitar seu bom relacionamento com os alunos e dos alunos entre si, para conhecer a todos, independente da presença ou não do aluno com necessidade especial, cabe a ele criar as condições para que seus alunos interajam normalmente com os demais colegas. Primeiro o educador pode conversar com seus alunos, para saber que dúvidas e mitos eles tem sobre as pessoas com necessidades especiais. Comece um debate a partir das seguintes perguntas: - Você conhece alguém com necessidade especial? Quem é essa pessoa? Como você se relaciona com ela? Que tipo de sentimento ela desperta em você? O que pensa sobre ter colegas com necessidades especiais na classe? Tratar essas questões com respeito, sem contudo, assumir uma atitude dramática, por si só já transmite concepções corretas, como a de que a deficiência não é necessariamente uma tragédia. Trate o tema com naturalidade, lembre-se de adequar sua linguagem de acordo com a idade de seus alunos.



A aprendizagem


O aluno com necessidades especiais não está na escola só para interagir, mas sim para aprender. É necessário estimular todas as formas de comunicação para favorecer a aprendizagem e o acesso ao conhecimento historicamente acumulado. É importante que os alunos com necessidades educacionais especiais participem integralmente do ambiente escolar, este é um ambiente “rico” de oportunidades. Para isso, alguns aspectos precisam ser considerados:

 Elaborar e organizar atividades pedagógicas para o desenvolvimento das competências de leitura e escrita;
 Estimular a atenção e concentração na execução das atividades propostas;
 Conversar e estimular o aluno para a participação nas atividades de rodas de conversa sobre situações vivenciadas ;
 Possibilitar para o aluno através de jogos e brincadeiras o reconhecimento de si e do outro, construindo atitudes, valores e respeito;
 Apresentar e compartilhar no grupo, jogos pedagógicos de leitura e escrita;
 Propiciar aos alunos através de jogos pedagógicos atividades que auxiliem no desenvolvimento cognitivo;
 Registrar receitas à partir de imagens dos ingredientes ( recorte e colagem dos rótulo , das medidas e outros.)
 Ler, ouvir e interpretar diversos gêneros literários;
 Sempre registre as atividades que o aluno desenvolveu; Cada atitude na sala de aula e cada estratégia adotada para promover a aprendizagem e a participação dos alunos, contribuem para alcançar o ideal da educação inclusiva nas unidades escolares. Saiba ser aprendiz nesse processo, os resultados dependem fundamentalmente de seu trabalho e compromisso como educador.

Recursos

A seleção, adaptação e utilização dos recursos materiais, equipamentos e mobiliários são importantes para favorecer a aprendizagem dos alunos como;

 Livros de diferentes gêneros literários;
 Computador, CDS, jogos de letras móveis, de palavras, jogos de pequenas frases, jogos criativos de encaixe, quebra cabeça, jogos de dominó, jogos de seqüências lógicas, jogos de animais e etc..
 Jogos para desenvolvimento do conceito de números, jogos para exploração do conceito de espaço, brinquedos de causas e efeitos.
 Adaptação de diferentes mobiliários.


Avaliação

O processo avaliativo será processual, pois é de suma importância observar e analisar o sujeito em todos os âmbitos, e deve focar:

 Os aspectos do desenvolvimento (biológico, intelectual, motor, emocional, social, comunicativo e linguagem);
 Elaborar registros processos de apoio e acompanhamento, realizado junto aos alunos com necessidades educacionais especiais, a fim de subsidiar a avaliação do trabalho e outros encaminhamentos que se façam necessários;
 Avaliação será mediante observação da equipe da escola, família e registro da participação do aluno.
A escola só será inclusiva se respeitarem ás diferenças existentes no ambiente escolar. Para que isto se efetive é necessário que haja uma mudança de atitude frente á diversidade.




Legislação

1990- Estatuto da Criança e do adolescente (ECA)

Garante o direito á igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola, sendo o ensino fundamental obrigatório e gratuito (também aos que não tiveram acesso na idade própria) o respeito dos educadores e atendimento educacional especializado preferencialmente na rede regular de ensino.

Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional (LDBEN). 1996 9394/96

A redação do parágrafo 2º do artigo 59 provocou confusão, dando a entender que, dependendo da deficiência, a criança só podia ser atendida em escola especial. Na verdade, o texto diz que o atendimento especializado pode ocorrer em classes ou em escolas especiais, quando não for possível oferecê-lo na escola comum.

Declaração de Salamanca. Junho/1994

Ocorreu na cidade de Salamanca na Espanha, o texto que não tem efeito de lei, diz que também devem receber atendimento especializado a crianças excluídas da escola por motivos como trabalho infantil e abuso sexual. As que têm deficiências graves devem ser atendidas no mesmo ambiente de ensino que todas as demais.

2.000 Lei nº 10.048 e nº 10.098

A primeira garante atendimento prioritário de pessoas com deficiências nos locais públicos. A segunda estabelece normas sobre acessibilidade física e define como barreira obstáculos nas vias e no interior dos edifícios, nos meios de transportes e tudo que dificulte a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos meios de comunicações, sejam ou não de massa.


Bibliografia

PREFEITURA DA CIDADE DE SÃO PAULO: Secretaria de Educação, “Referencial sobre Avaliação da Aprendizagem de Alunos com Necessidades Educacionais Especiais” Educação Especial.

SÃO PAULO / 2007, “Educação Inclusiva- Um guia para o Educador”

EDIÇÃO ESPECIAL, NOVA ESCOLA- “Grandes Pensadores”- Julho/2007

EDIÇAO ESPECIAL, NOVA ESCOLA- “ Inclusão”- Outubro/2006

OLIVEIRA, MARTA KOHL de – Vygotsky, Aprendizado e desenvolvimento: Um processo Sócio- Histórico, Editora Scipione, São Paulo, 1995.

GUIA EXAME – “Boa Cidadania Corporativa”- Ano/ 2004

DESPERTAI – Abril de 2006
Gostaria de aprimorar mais seus conhcimentos assista O filme:"Como Estrela na terra- Toda Criança é Especial" e " O milagre de Anne Sullivan"